Criado pela educadora italiana Maria Montessori no início do século passado, o método montessoriano de organizar o quarto das crianças busca estimular, desde cedo, a sua autonomia. Como explica a arquiteta Fernanda Vieira, esse tipo de quarto é projetado para que as crianças possam ir e vir, fazendo suas escolhas e atividades sem depender de um adulto.
Por isso, a cama fica no chão ou a uma altura baixa, e os itens da criança, como os brinquedos, ao alcance de suas mãos. “Tudo é pensado para que ela tenha acesso fácil sem correr grandes perigos, pois a segurança sempre tem que ser garantida”, ressalta a profissional.
Segurança
De acordo com Fernanda, a questão da segurança é, de fato, uma preocupação comum para alguns pais que pensam em adotar esse método. Mas ela esclarece que a própria dinâmica criada já pressupõe essa questão: como tudo é adaptado à sua ergonomia, a criança vai aprendendo quais são os seus limites e desenvolve por si só a noção de segurança.
Por exemplo: quando algo está alto demais ou inacessível por algum motivo, há aí uma barreira e, nesse caso, ela vai precisar do apoio de um adulto. “No método Montessori, a criança é estimulada a aprender e formar os conceitos sozinha”, comenta a arquiteta. De todo modo, não devem ser deixados de lado os cuidados básicos com a segurança, como colocar proteções nas tomadas e usar móveis com quinas arredondadas.
O método é recomendado para as primeiras fases de desenvolvimento da criança, desde recém-nascidas até os 7 ou 8 anos de idade. “Depois disso, o conceito ainda pode ser utilizado, porém, com critérios diferentes, a fim de desenvolver outros aspectos da formação das crianças”, explica Fernanda.
De todo modo, não há contraindicações. “Acredito que é mais uma escolha dos pais, ao optarem por esse tipo de desenvolvimento para seus filhos. Assim como na arquitetura em geral, em que se opta por linhas e conceitos de expressão para sua casa ou trabalho, a opção pelo quarto montessoriano é uma escolha de vida, em que a arquitetura vai retratar a interação do homem com o seu meio”, comenta.